MÃE (desnecessária)

A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo. Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha. Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara.Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária. Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso. Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também. A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho, porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis. Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar. "Dê a quem você Ama : Asas para voar... - Raízes para voltar... - Motivos para ficar... " - Dalai Lama

Comentários

  1. Gostei muito deste post e concordo plenamente.
    Embora não seja mãe e não consiga imaginar o que é dar asas aos filhos e deixar de os proteger, acredito que seja complicado para uma mãe.

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  2. Olá, sem dúvida muito verdadeiro este texto.

    Sou mãe de uma menina de dezassete meses e cada vez mais vou tendo consciência da absoluta necessidade do seu espaço e da sua autonomia. É uma aprendizagem também para nós mães, que temos que dosear a atenção que lhes é devida com a liberdade também imprescindível.
    Ana

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  3. Simplesmento belo e puro...é uma vontade que sinto e percebo perfeitamente o sentido. BJ

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